HUM tem meta de implantar 24 aparelhos cocleares esse ano
O Hospital Universitário Regional de
Maringá (HUM) é um dos hospitais públicos que fazem o implante coclear, um
recurso utilizado na reabilitação de indivíduos surdos. O responsável por esse
serviço no HUM é o otorrinolaringologista Jefferson Cedaro de Mendonça, por
isso, conversamos com ele sobre o assunto.
O implante coclear é um tratamento
para o paciente que tem surdez profunda, ou seja, aquele paciente que já tentou
outros tratamentos, principalmente com o aparelho auditivo e não obteve sucesso.
A surdez tem múltiplas causas, “das simples até as mais complexas e quando a
surdez tem um grau muito avançado e é irreversível. Neste caso, primeiro nós
tentamos a reabilitação com o aparelho auditivo, que amplifica o som e o
paciente usa na orelha. Se mesmo com o aparelho amplificando ao máximo, a
pessoa não escuta nada, o implante coclear é o método de reabilitação”, explica
o médico.
Mendonça destaca que o implante coclear
é diferente do aparelho auditivo porque ele vai fazer um trabalho de
estimulação direta do nervo auditivo. A cóclea é o órgão sensorial da audição,
“ela está para o ouvido assim como a retina está para o olho”, explica o
otorrino. Por meio de uma cirurgia é colocado o aparelho eletrônico na cóclea.
Este dispositivo tem a capacidade de emitir estímulos elétricos na medida em
que o paciente é exposto aos sons. Mas o implante coclear é composto também por
um aparelho externo. Este tem um microfone que capta o som e o transforma em
impulsos elétricos; isto é, passa a informação para o aparelho implantado
cirurgicamente. “É como se fosse um ouvido eletrônico, na verdade, o implante
coclear é um substituto do ouvido, vai fazer tudo o que o ouvido faz e estimular
diretamente o nervo auditivo”, ressalta o doutor.
Depois da cirurgia, Jefferson Cedaro
alerta que o paciente tem que passar por uma sessão de fonoaudiólogos
especializados para a começar a perceber que o som, que vai ser um pouco
diferente. É o processo chamado de fonoterapia, que vai adequar a tecnologia e
o paciente para que ele volte a ter a sensibilidade ao som de forma mais
natural. “O fonoaudiólogo tem um trabalho bastante importante no processo de
implante coclear, porque ele participa ativamente de maneira muito definitiva
no diagnóstico e na indicação e é essencial na fonoterapia e na regulagem do
aparelho, ou seja, sem o serviço de fonoaudiologia não tem o serviço de
implante coclear”, disse o médico.
A
cirurgia de implante coclear é ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e foi
um trabalho bastante demorado para conseguir credenciar o HUM. “Nós fizemos uma
parceria com o Instituto da Audição, que é uma entidade privada, para oferecer
o serviço do diagnóstico e a partir daí nós conseguimos completar as exigências
para fazer o credenciamento”, explica o otorrino, que acrescentou que é
necessário vários exames para um paciente se tornar um candidato ao implante. Geralmente,
o indivíduo já é usuário de aparelho auditivo e sua deficiência auditiva está
avançando o que torna os aparelhos auditivos pouco eficientes. São os exames
audiológicos que vão mostrar isso para os profissionais e, só depois disso, a
cirurgia é feita no HUM.
Assim,
para ser candidato a cirurgia no Hospital Universitário o paciente tem que ser
encaminhado por uma Unidade Básica de Saúde (UBS), pode ser tanto por um médico
quanto por um fonoaudiólogo. Esse profissional vendo, na UBS, que o paciente
tem uma surdez profunda bilateral, isto é, que atinge os dois ouvidos, faz o
agendamento para ele ser encaminhado para o HUM. “Chegando no hospital com a
consulta marcada, eu vou avaliar o paciente em conjunto com os alunos internos de
medicina e, conforme o caso, nós vamos encaminhar para o Instituto da Audição
para fazer alguns exames. É importante frisar que muitos casos que veem ainda
não são casos de implante, às vezes, é necessário ajustar o aparelho auditivo
que ele já usa ou fazer algum outro procedimento para resolver o problema. Mas
a gente orienta orienta os pacientes”, salienta o doutor Jefferson.
O HUM começou a fazer implantes
somente em 2016. Em 2017 o hospital fez de 12 a 13 implantes, porque houve um
acordo com o Ministério da Saúde de implantar 1 aparelho por mês, resultando em
12 cirurgias por ano. Atualmente, essa portaria foi renovada para dois
aparelhos por mês. “Sendo assim, em 2018, nós temos a meta de fazer 24
cirurgias. Estamos atrasados, pois esse ano nós fizemos apenas 4 implantes, mas
vamos trabalhar para dar alegria a um numero maior de pessoas”, afirmou o doutor.
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