Comunicação não violenta: estratégia de ação no HUM
A professora Sylvia Mara Pires de Freitas Foto: Guilherme Vinícius |
O Hospital Universitário Regional de Maringá
(HUM) realizou um curso, para os servidores, sobre comunicação não violenta. A ministrante
foi a professora Sylvia Mara Pires de Freitas do Departamento de Psicologia, da
Universidade Estadual de Maringá (DPI/UEM).
A importância de falar sobre comunicação não violenta dentro
do Hospital começa quando percebemos que é um ambiente propenso a embates.
Geralmente, as pessoas chegam cheias de problemas que podem ganhar maiores
proporções.
A professora Sylvia nos disse que, desde 2000, ela coordena
um grupo de estágio na área da Psicologia do Trabalho, no qual os servidores do
Hospital recebem acolhimento. “É uma escuta para promover o cuidado e a saúde dos
servidores. O estresse do dia a dia, de cuidar da população, às vezes, não
permite que o próprio servidor seja cuidado ou procure cuidado. E aí, o que
vem? Estresse, impaciência, várias coisas acontecem, justamente, o que provoca
uma comunicação violenta”, complementa a docente do DPI.
Mas o que o conceito de “comunicação não violenta”
significa? Sylvia Mara começou dizendo que o criador deste termo foi o
psicólogo americano Marshall Rosenberg, que se preocupava muito com as relações
de apoio. Ele era um mediador de países que estavam em conflito. Então,
desenvolveu, dentro da psicologia, com uma abordagem humanista, a comunicação
não violenta, que é muito mais uma atitude, do que uma técnica dotada de
métodos de aplicação.
A comunicação não violenta começa quando se observa o que a
outra pessoa está fazendo ou falando, sem julgamento. Aí já começa certa
dificuldade, segundo a professora Sylvia, para exercermos um olhar empático, de
ver o mundo através dos olhos de outra pessoa.
“O que eu observo é, obviamente, que, se você fala alguma
coisa, isso vai me afetar, me provocar algum tipo de sentimento. Só que esse
sentimento que eu tenho, tem a ver com a minha necessidade na relação que eu estabeleço
com você. Então, todo mundo espera ser bem atendido, ser reconhecido, fora as
outras expectativas que vão se criando além: por outras pessoas, por aquelas
que estão mais próximas, por minha equipe. A comunicação não violenta pode ser
aplicada em qualquer lugar, em qualquer situação, por qualquer pessoa que se
disponha a não só ver o outro, mas também de enxergar a si no sentido de: eu
observo a outra pessoa e enxergo o sentimento que ela me provoca, não para
reagir a esse sentimento, mas para poder ter consciência dele e poder expressar
para outra pessoa o que eu senti diante do comportamento dela”, explica Sylvia
Freitas.
Componentes – Segundo a professora, esse processo tem alguns
passos: 1) observação sem julgamentos; 2) sentimento diante daquelo que
observo; 3) necessidade e expectativas que tenho em relação a outras pessoas; e
4) pedido e abertura para solicitar mudança. “É um conjunto de atos e práticas
que promovem a honestidade nas relações, já que você não deixa de falar sobre
seus sentimentos”, esclarece a psicóloga.
Por fim, a professora Sylvia explicou que os servidores do
HUM “treinaram” a questão de lidar com pacientes que estão em situações de
extremo estresse. Ela sugeriu que, em primeiro lugar, eles façam uma fala que
possa acolher o paciente. Um olhar empático que demonstre entendimento. “Você
não vai sentir a dor dele, mas você pode colocar para ele que você entende que
ele está nervoso, que provavelmente deve estar doendo muito, que talvez ele
terá que esperar. A questão é dialogar e não deixar que o poder e o
autoritarismo medeie a relação com o outro. Porque essa relação de poder acaba
infantilizando o outro, já que ele pode obedecer por medo”, disse a psicóloga. E
ela concluiu: “o curso promovido no HUM teve objetivo de apresentar uma
temática e promover esse tipo de comunicação, que não é um método imediato de
ação, mas sim práticas que devem ser tomadas atentamente durante o dia a dia de
trabalho e fora dele, também”.
Serviço - O acolhimento realizado pelo grupo de estágio da
professora Sylvia, no HUM é aberto a qualquer servidor que demonstre
necessidade. Para entrar em contato com o grupo, ligue no telefone 3011-9070.
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