Outubro Rosa: “o autoexame pode ser arma contra o câncer”


Sylvane do Carmo Maruchi
Foto: Guilherme Vinícius

Durante este mês é celebrado o Outubro Rosa: ma campanha desenvolvida, internacionalmente, que tem como objetivo combater, conscientizar e prevenir o câncer de mama. Por esse motivo, a matéria desta semana é dedicada ao tema. Para falar sobre isso, este ano, não vamos conversar com médicos, mas com a enfermeira Sylvane do Carmo Maruchi, de 49 anos, que trabalha no Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM). Ela está vencendo um câncer.

Em outras palavras, esse texto não é dedicado apenas ao discurso da saúde sobre o câncer de mama, mas sim sobre a vitória de uma pessoa no combate a essa doença. Sylvane do Carmo vai nos contar um pouco da história dela.

A servidora do HUM disse que sempre procurou realizar exames periódicos e acompanhamento médico de prevenção, mas, para além de todos esses procedimentos, sempre fez o autoexame. “Eu acho muito importante o toque, a mulher fazer o autoexame, para ela se conhecer, conhecer seu corpo para quando sair alguma coisa fora da rotina, ela conseguir detectar isso”, disse Sylvane do Carmo.
E ela garante que qualquer mulher pode fazer isso. “Não é porque eu sou técnica em enfermagem. Quando eu percebi o nódulo, eu fiquei na dúvida. Falei: ‘será que é?’. E eu sou técnica... A questão é que, quando nos conhecemos, a gente consegue perceber algo de errado no nosso corpo, acende uma luzinha vermelha. Então, você começa a procurar ajuda. E tem mais: mesmo que você vá ao médico e ele diga que não é nada, pelo menos você procurou e soube detectar que havia algo de estranho. Eu acho muito importante os exames como ultrassom, mamografia e tudo mais, mas o autoexame é indispensável”, destaca Sylvane.

Insistência – A técnica em enfermagem confessa que, quando notou o nódulo, no autoexame, durante o banho, achou que não seria nada. Mesmo assim, continuou observando aquele “carocinho” e percebeu que ele havia mudado de tamanho. Então, imediatamente, procurou ajuda médica. Foram realizados diversos exames, como o ultrassom e a mamografia. Após os procedimentos o médico disse à Sylvane que existia uma grande possibilidade de ser um câncer de mama.

“Ainda tínhamos que fazer alguns procedimentos para termos certeza. Eu tive que fazer biópsia e agulhamento, que é tirar os pedacinhos do nódulo para realizar a patologia, o diagnóstico. Então, recebi os resultados que diziam que era um carcinoma maligno. Isso foi no dia 22 de dezembro, às vésperas de Natal. Foi uma coisa bem difícil de receber, independente da data. O sentimento é muito estranho porque você sabe que tem que lutar. E o pior: por ser técnica em enfermagem eu sabia que ia ser muito sofrido. Principalmente, a quimioterapia. Comecei a fazer os acompanhamentos com os especialistas e, graças a Deus, eu fui muito bem atendida”.

O tratamento – O tumor de Sylvane era bem agressivo. Em dezembro de 2017, segundo a técnica em enfermagem, o tumor tinha o tamanho de 1,5 centímetros em menos de dois meses desde o primeiro diagnóstico. Isto é, entre o diagnóstico e a cirurgia ele aumentou para 5,5 centímetros. Por isso, ela teve realizar a mastectomia em fevereiro, a cirurgia de retirada completa da mama, e também, outro procedimento que retira os nódulos abaixo das axilas para impedir que o câncer se espalhe pelo resto do corpo.

“Esperamos o tempo de recuperação para, então, começar a quimioterapia, que fiz primeiro e, depois, a radioterapia. Foram oito sessões de “químio”. Aí começou a cair o cabelo. Isso nunca me abalou, o que eu mais queria era me curar. Eu não me importava que caísse o cabelo, que eu ficasse sem a mama, nada disso me incomodou. Eu precisava ser curada. Então, eu fiz todo meu tratamento certinho. Mas, é lógico que a gente tem nossos altos e baixos e fica triste, às vezes”, comentou Sylvane Maruchi.

A técnica em enfermagem ainda disse que todos que passam por isso têm medo de morrer, mas que, neste ponto, a “espiritualidade individual” pode ser de grande ajuda. O pior foi o fato de que ela é mãe e avó e tinha bastante medo de deixar seus entes queridos. “Esta foi uma forma que eu encontrei de lutar mais ainda: preciso me curar, porque eu quero ver meus filhos todos os dias, eu preciso sarar”, dizia para si.

Sylvane ainda está em acompanhamento médico, já que o tratamento após a “químio” e radioterapia continua. É preciso tomar remédios que combatem células cancerígenas, no caso delas tentarem se multiplicar. Mas ela garante que a última notícia que recebeu do médico é que está muito bem. “Tem que ter um pouco de humor para levar tudo isso, porque se você tratar muito a ferro e fogo e ficar muito focado só no que é negativo, você vai ficar doente, de novo”, comentou a técnica.

Sylvane deixou uma dica a todas as pessoas: nenhuma mulher que passou ou está passando pelo câncer de mama precisa de sentimento de pena. O que as pessoas podem fazer é ajudar no fortalecimento da autoestima delas. É ajudar no humor, fazendo-as rir. Para as pacientes, ela diz: “vamos encarar a realidade, não adianta ficar em casa deprimida. Porque a doença vai se alastrar com maior facilidade. Então, o que você tem que fazer? Lutar e pensar no que é melhor para gente”, aconselha a vitoriosa.  

* Matéria redigida com a participação do estagiário Guilherme Vinícius.

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