Ciatox alerta para aumento de casos envolvendo escorpiões
O Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) alerta à comunidade para o aumento de casos de acidentes envolvendo escorpiões em Maringá e na região da 15ª Regional de Saúde. Dados do setor do Hospital Universitário (HU) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) apontam que, em 2024, foram atendidos 990 casos de acidentes envolvendo escorpiões; em 2023, durante todo o ano, o número de atendimentos ficou em 738.
E não são só as altas temperaturas que contribuem para o aparecimento do animal - em sua maioria, os casos são de escorpiões amarelos, o Tityus serrulatus, o mais comum e também o mais perigoso dos escorpiões. Os maus hábitos de higiene da população, a negligência na limpeza de terrenos e o mato alto contribuem imensamente para a proliferação do animal, na avaliação da coordenadora do Ciatox, a enfermeira Márcia Guedes.
Os dados do Ciatox trazem um aumento preocupante dos casos. Em 2015, foram 157 casos e em 2016, 146. No ano de 2017, saltaram para 403 casos; entre 2018 e 2019, uma ligeira baixa, com 392 e 302 casos, respectivamente, até que a curva não parou de aumentar desde 2020: 449 casos, depois, em 2021, 511 casos. Em 2022, foram registrados 609 casos de picadas de escorpião, menor do que o registrado em 2023, 738.
Animal é o líder nas ocorrências no Ciatox, bem a frente de outros peçonhentos, como aranhas e serpentes.
Segundo Márcia, os números alarmantes devem, mesmo, causar preocupação nas pessoas. “Essa preocupação deve vir no momento em que o sujeito vê um terreno sujo, frestas na sua casa que não estão vedadas, ralos não vedados”, avalia. São atitudes simples e bastante difundidas - como verificar se há algum animal nos calçados antes de vesti-los - que podem fazer a diferença na hora de evitar uma picada do animal.
Hábitos urbanos
Os escorpiões amarelos, que dominam os casos no Hospital, estão presentes “todos os dias” nos atendimentos, avalia Márcia. De hábitos urbanos, já se acostumou ao ambiente barulhento e movimentado das cidades: escala encanamentos de prédios e aparece em ralos de banheiro e áreas de serviço de andares onde, antes, nunca imaginaram que haveria um escorpião. “Por isso a importância do cuidado com as frestas e ralos”, ressalta a enfermeira.
A sazonalidade dos atendimentos - muito maiores durante os meses quentes do verão, por exemplo - parece cair por terra, segundo os dados do setor. Os atendimentos não têm baixado durante os meses frios, mantendo uma constante, o que reforça a necessidade dos cuidados em casa, para a enfermeira do Ciatox.
Casos com escorpiões são predominantes em áreas urbanas. Animal se adaptou à humanidade, avalia a Marcia Guedes, do Ciatox. |
Escorpiões concentram casos
Por ser um animal urbano, os escorpiões concentram os casos atendidos no Ciatox envolvendo animais: foram 990 casos de escorpiões; 184 envolvendo aranhas, com destaque para a temida aranha-marrom, predominante na região Sul; 45 casos de picadas de abelhas e 37 de serpentes. No caso das serpentes, a grande maioria dos casos é registrada na região rural.
E o que deve ser feito ao ser picado e avista o animal? Primeiro, Márcia Guedes salienta para a urgência em procurar o sistema de saúde, seja uma Unidade Básica de Saúde (UBS), que posteriormente vai encaminhar o paciente para um serviço de maior complexidade.
Não toque no animal!
Levar o animal ao serviço de saúde para ser identificado, vivo ou morto, é uma péssima ideia, segundo a coordenadora do Ciatox. que sinaliza que a prática ainda é feita com frequência. É comum os servidores do Ciatox ou estagiários dos cursos de saúde e residências serem surpreendidos com escorpiões em potinhos plásticos e garrafinhas. “Hoje, temos tecnologia suficiente para que o paciente não se exponha e também não exponha as equipes das unidades de saúde e seus pacientes a um risco desses”, comunica a enfermeira.
Para resolver a questão sem mais riscos, o paciente deve fotografar o animal, com a câmera do celular mesmo, e mostrar a foto aos servidores do Ciatox. Um ato bem mais simples do que se arriscar para capturar o animal peçonhento. Afinal, depois da picada, o paciente deve evitar se movimentar muito, para que o veneno não circule tanto, o que torna a “aventura” ainda mais arriscada para a saúde.
Reportagem: Willian Fusaro.
Imagens: Reprodução.
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