Partos normais superam cesáreas no HU da UEM, em setembro


O Hospital Universitário (HU) da UEM registrou, pela primeira vez em oito anos, desde que contabiliza e avalia números de nascimentos, um número maior de partos normais em relação a cesáreas feitas na Maternidade do Hospital. O dado consta no relatório de partos da Maternidade , é relativo ao mês de setembro e avaliado como bastante significativo, devido ao grande número de cesáreas realizadas no Brasil. Informações do Ministério da Saúde (MS) de 2023, do Governo Federal, apontam que o Brasil é o segundo país com o maior número de cesáreas no mundo, com uma taxa que chega a mais de 80% de operações desta modalidade. As cesáreas são regra especialmente na rede particular de saúde.


O relatório aponta que, dos 131 partos realizados em setembro na Maternidade do HU, 76 (58%) foram normais, enquanto 55 (42%) foram cesáreas. A queda no percentual de cesáreas, contudo, já vinha sendo notada desde o mês de julho deste ano pelos servidores da Maternidade, como aponta a coordenadora de Enfermagem Materno-Infantil do HU, Lorenna Monteschio. Em julho, foram registradas 65% de cesáreas; em agosto, o índice continuou descendo para 57% e, em setembro, caiu para 42%.


A superintendente do Hospital Universitário de Maringá, Cremilde Trindade Radovanovic, considerou o resultado um verdadeiro marco para o Hospital. “Parabéns a toda a equipe multiprofissional pelo envolvimento no aumento da taxa de partos normais. O trabalho de vocês faz uma diferença significativa na vida das mães e bebês, promovendo partos mais humanizados e seguros”, ressaltou a superintendente.


Em setembro, foram 58% de nascidos de parto normal, segundo relatório técnico elaborado pela Maternidade do Hospital.


“Armando” mães de informações


“Se você chegar em uma creche em Maringá, de dez crianças, encontrará oito nascidas de cesáreas”, ratifica a coordenadora de Enfermagem, Lorenna Monteschio. Para se ter uma ideia, segundo Lorenna, dados do DataSUS colocam Maringá no topo quando o assunto são cesáreas no Brasil: em 2023, 77% dos partos foram cesáreas no município; em 2022, foram 78% e, em 2021, 80%.


Parte importante do trabalho do Hospital, aponta Lorenna, é ir às Unidades Básicas de Saúde (UBS), para que as mulheres se “armem” de informações sobre a modalidade mais indicada. “Muitas entram em contato para agendar cesáreas, o que não fazemos, por exemplo”, comentou. As equipes de enfermagem atuam junto das equipes médicas, que também são responsáveis por tranquilizar as pacientes em momentos de tensão.


“O parto é um trabalho demorado. A mulher precisa ter a segurança do médico e da equipe de enfermagem, para que fique relaxada. Em uma situação de adrenalina, o bebê não sai”, avaliou, lembrando da importância da empatia neste momento. “Para o médico, é, claro, um momento de apreensão também. Por isso, precisa haver confiança e segurança dos dois lados, um trabalho mútuo. Um sorriso e uma palavra de acolhimento podem ser determinantes para a mãe”, considera Lorenna.


Dados de partos realizados no ano de 2024, no Hospital Universitário (Fonte: Maternidade)



Segundo a coordenadora, as equipes do HUM mantêm contato permanente com servidores de unidades de saúde, fazendo trabalhos de convencimento e apresentação do parto normal a mulheres, mães de “primeira viagem” ou não, o que tem contribuído para aumentar os números de partos normais com o passar do tempo.


A modalidade do parto normal é a mais recomendada pelo Hospital, por fortalecer o vínculo entre mãe e filho, favorecer a atividade do bebê, assim como a amamentação, entre outros benefícios. As cesáreas são recomendadas a mulheres que, entre outros motivos, tenham trabalho de parto muito prolongado, pré-eclâmpsia, gestantes diabéticas, entre outros casos. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) sinalizam que somente 15% dos partos nos países devem ser não-naturais.


No site do Hospital, há uma página destinada a oferecer informações a gestantes, na sessão Partos no HU. Para mais informações, é possível entrar em contato pelo e-mail hum-mai@uem.br.


Linha de frente


A ginecologista e obstetra Ariádine Pereira de Oliveira é uma das muitas profissionais que compõem a “linha de frente” dos nascimentos no HU. Ela avalia como muito positiva a conquista do setor. “Taxas altas de cesáreas trazem consigo mais infecções hospitalares, além de prejudicar o vínculo da mãe com o bebê”, alerta a médica.


“Por mais que, durante o nascimento de cesárea, o pediatra mostre o bebê para a mãe e haja esse ‘primeiro contato’, o bebê deve ir com o pediatra. É um momento em que a mãe não consegue ter um contato integral com a criança”, explicou Ariádine. O momento ao qual Ariádine se refere, a “hora dourada”, é o primeiro momento de contato da mãe com o bebê após a saída do útero. É considerado um momento de “prolongação” do vínculo iniciado no útero, fundamental para a transição do recém-nascido.


Como um hospital universitário, a obstetra acredita que é fundamental melhorar ainda mais os índices de nascidos de parto normal.



Reportagem: Willian Fusaro

Foto: Assessoria de Comunicação Social (ASC) da UEM.

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