Personagem da Semana - Dos Anjos, dos lenços de seda e da farmácia

Cheguei na farmácia satélite, no Pronto Atendimento do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM), e me deparei com uma enfermeira chamando Maria, e foi assim durante toda a conversa que Maria dos Anjos, 56, teve comigo. Indo pra cá e pra lá. Sendo chamada toda hora. Essa mulher não parou.

Maria dos Anjos trabalha há 28 anos no HUM

Tímida. Foi essa a primeira impressão que tive de Maria, mas vou contar uma coisa para vocês: toda sua timidez some quando ela ri. Que risada contagiante. Impossível não rir junto. Maria do Anjos, formada em ciências biológicas, já tinha trabalhado em outro hospital antes de entrar no HUM, lá em 1990. Ela me contou que esse foi um dos primeiros concursos público que teve para o hospital e que ficou muito feliz em passar.

Maria disse que sentiu muita diferença quando ingressou aqui, já que veio de uma instituição particular. A adaptação foi aos poucos, agora já faz 28 anos que ela trabalha no HUM e abre um sorriso enorme quando fala: “eu amo onde eu trabalho”.

“A farmácia central era a única no hospital inteiro quando eu comecei a trabalhar aqui, e foi lá o primeiro setor que ingressei. Na verdade, eu nunca saí da farmácia. Antes trabalhava na central, agora sou técnica administrativa na unidade do Pronto Socorro”, ela me conta, “aqui é muito agitado, são mais de 100 atendimentos por dia, mas eu gosto muito de estar com os pacientes e dos meus colegas”.

A técnica também fala dos acidentes que ficam marcados, mas afirma que a equipe não se deixa abalar e que cada um ajuda o outro. Maria me conta de suas lutas e do orgulho que sente dos filhos. Se emociona e chora de saudades deles, que estão longe, fazendo faculdade: um medicina e outro engenharia elétrica.

Consegui sentir, eu, uma estranha lá no meio dos seus colegas de trabalho, que Maria dos Anjos é muito querida. Sua marca registrada: o lenço de seda no cabelo. Conforme o horário foi passando, mais pessoas vieram, observar a Maria dando entrevista para mim e, sempre quando vinham chamá-la para pedir algum medicamento, alguém falava com orgulho: “não atrapalha a Maria dar entrevista, ela vai ser a personagem da semana”. E pude ver que ela retribui esse carinho com um prazer e feição imensa pelos colegas, todo dia no trabalho.