Personagem da Semana - Dois empregos e uma riqueza extraordinária

Sempre dois empregos. Sempre dois. É a partir daqui que vamos conhecer a história de Lindima Pereira de Souza. LindimaR (com esse R bem paranaense) como é mais conhecido, 52 anos, é técnico em enfermagem, gestor ambiental e comerciante. Ele quer segurança e, para ele, isso significa ter dois empregos.

Além de trabalhar no centro cirúrgico do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM), Lindimar também possui uma loja em frente ao hospital e cuida da irmã. Ele tem uma família que faz jus à ideia de “filho de peixe, peixinho é”. Sua mãe era técnica de enfermagem e é uma grande inspiração para ele. Consegui ver o quanto ela significava para Lindimar, eu, uma pessoa que o conheci em poucos minutos. Os filhos de Lindimar também decidiram abraçar a carreira na área da saúde. Ela faz medicina e ele enfermagem.



“Riqueza para mim são os amigos e os pacientes”, afirma Lindimar

A segunda família do técnico de enfermagem é o hospital. Ele trabalha aqui há 26 anos, passou pela clínica médica, quando entrou, lá em 1992 e, depois, foi transferido para o centro cirúrgico, onde está até hoje. Lindimar conta que ficou receoso em fazer o concurso público para trabalhar no HUM. Antes de ingressar nessa instituição, ele trabalhava em outro hospital e não queria deixar os amigos de lá. Ele quer segurança e, para ele, isso significava não se separar dos amigos. 

Permitindo-se experimentar outros ambientes, Lindimar prestou concurso para o HUM e passou, em 1992. Quando ingressou no hospital, teve uma surpresa: os amigos que tinha tanto carinho, também estavam aqui. Esse novo ambiente de trabalho reservou novos conhecimentos e experiências para o técnico. 

Para ele, o que mais mudou, ao longo dos anos, foi a relação entre os servidores: “lá em 92, as pessoas eram mais entrosadas, nós íamos para a AFUEM e sempre fazíamos festas e teatros, claro que eu era coadjuvante, né, e Drag queen também”, conta ele se divertindo ao lembrar da época, “eles são minha segunda família”.

Lindimar acompanhou o crescimento do hospital e me explicou que a família HUM não é a mesma. “O hospital se movimenta mais rápido, nós temos credenciados que chegam e vão a toda hora, eu passo pelos corredores e há pessoas que eu nunca vi aqui antes, não dá mais para se conhecer todo mundo”.

Conversar com os pacientes é o que o Lindimar mais gosta: “cada história é diferente, cada um tem algo a ensinar”. O técnico contou que, sempre quando procuravam por ele e não o achavam em lugar nenhum, ele estava conversando com algum paciente. Porém, mesmo criando esses vínculos, depois de um ano, foi transferido para o centro cirúrgico.

Ele se adaptou muito bem no novo setor, embora ainda sinta saudade dos pacientes da clínica médica. Tanta saudade que, para ele, foi difícil de falar. Mesmo com as pressões que ocorrem todo dia no centro cirúrgico, Lindimar jura que não desconta nos colegas e conta, rindo, as brincadeiras que ele faz para descontrair o ambiente, como por exemplo, se esconder e assustar as pessoas.

É na hora que todo mundo está voltando para casa, que Lindimar entra em um dos seus empregos. Às 19 horas, ele chega no hospital para começar mais um dia de costumes rotineiros no centro cirúrgico: chamar os pacientes; conversar e orientar os mesmos; acalmar e fazer brincadeiras para descontrair o ambiente; cuidar do pré, trans e pós-operatório e preparar a sala de cirúrgia. Às 7 horas, quando todo mundo está indo trabalhar, ele termina o turno no hospital e embarca em outra função.

Oito é a média de cirurgias que Lindimar assiste por dia, mas ele explica que tem dias que têm mais e outros menos, muito menos. Depois de perder a mãe, algo muito dolorido de falar, ainda, ele me contou que a forma de olhar para o paciente mudou. O técnico sente que falta de algo a mais e tenta dar conforto ao paciente, segurando sua mão mesmo quando este, está inconsciente. 

Para esse homem que possui mais de um emprego e uma vida agitada, a sua maior riqueza é quem está a sua volta. “Riqueza para mim são os amigos e os pacientes”. E confessa que, faltando apenas dois anos para se aposentar, não vai parar. Enquanto ele puder ajudar e cuidar das riquezas dele, ele o fará.




Comentários

  1. Esse é um dos meus irmãos, como ele também tenho dois e às vezes três empregos na área de Saúde e como ele já disse tenho o maior prazer em cuidar de quem precisa de cuidado, tamos juntos .

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