Personagem da Semana - “Eu choro de emoção, de lembrar de tudo o que eu fiz parte”

Maria do Rosário Martins, 55, é enfermeira, há 30 anos, no Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM). Hoje, 29, o HUM completa 3 décadas de existência. Já viram a coincidência? Isso mesmo, ela está no HUM desde 1989, o ano da inauguração. Atualmente, a enfermeira está em processo de aposentadoria e narra, muito emocionada, um pouco da história, da qual ela fez parte, do crescimento do Hospital. 

No ano da inauguração, o HUM era formado por uma única ala: a do Pronto Atendimento. Hoje neste prédio funciona o ambulatório. A enfermeira conta que fez parte do projeto de construção do Hospital e essa foi uma experiência única. “Vim para o HUM cobrir a licença maternidade de uma outra enfermeira e gostei tanto que, no mesmo ano, fiz o concurso público e passei. Fui efetivada no ano seguinte”. 

Maria está há 30 anos no HUM
Foto: Fernanda Fukushima

Maria fala com muito carinho das suas colegas de trabalho que ajudaram, junto com ela, nos primeiros passos do HUM. A enfermeira diz, que uma já até faleceu. Elas eram em quatro. “Essa vivência de começar com o hospital do foi enriquecedora, eu participei das decisões, fui diretora de enfermagem e assumi a chefia. Já fiz um pouco de tudo aqui. Participei da criação do setor da pediatria e da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e isso me trouxe uma experiência significativa na minha carreira”, afirma Maria. 

Como já podem perceber, ela tem especialização em pediatria com mestrado e doutorado. Por isso, tem bagagem e conhecimento para ser encarregada desse setor. Maria trabalha na UTI pediátrica do hospital no período da tarde e faz, quando necessário, plantões em feriado e finais de semana. A enfermeira me conta que, no início da carreira, essa situação era muito estressante, ainda mais cuidando de crianças. Agora, ela já aprendeu a lidar com as pressões do trabalho e a se desligar quando preciso.

Falando um pouco das suas atividades, Maria mostra que trabalhar na pediatria não é só cuidar das crianças, mas também dos pais, que passam momentos muito difíceis e estressantes vendo seus filhos doentes. “Temos que lidar com o filho e os pais, e se encontramos uma precariedade, a situação fica muito mais estressante”, afirma a enfermeira. “É preciso ter um controle para não deixar que isso afete sua vida pessoal”, completa.

O trabalho na UTI, um ambiente que, diariamente enfrenta situações de vida e morte, às vezes, gera conflitos dentro do setor e entre a equipe. Maria conta que, como toda família que tem suas brigas, o grupo não deixa isso afetar a relação que possui e encontra, um no outro, força nas horas que são necessárias. O perfil dos funcionários que trabalham nesse setor, segundo a enfermeira, é de efetivos em sua maioria e há pouca rotatividade do pessoal. 

“Com esse perfil, nós nos encontramos em um momento de que muitas pessoas estão se aposentando, é um período de perdas”. Maria pausa, já que, seus olhos começam a encher de lágrimas. “Eles são minha segunda família, nós criamos vínculos fortes, acho que é isso, o sentimento é de perda”. Ela, agora chorando, me diz que irá sentir falta da assistência às crianças e dos colegas, “não vai ser fácil deixar tudo isso pra trás, porque nada vai ser igual a antes, mas a vida tem que seguir”. 

Terminando nossa conversa, a servidora diz que “é muito gratificante fazer parte da história do HUM desde o comecinho, evoluímos muito e conquistamos muitas coisas. Eu choro de emoção, de lembrar como era e de como estamos agora, de tudo o que eu fiz parte”, conclui a enfermeira que fez história, aqui, dentro do Hospital.

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